sábado, 2 de outubro de 2010

Sketchbook + Confeitaria Colombo

Fiz estes croquis com caneta nanquim descartável e uma caneta hidrocor aquarelável TOMBO. Eles são o resultado de uma tarde na Colombo, uma confeitaria muito tradicional do Rio de Janeiro, situada na rua Gonçalves Dias, centro da cidade. Foi fundada em 1894 pelos portugueses Joaquim Borges de Meirelles e  Manuel José Lebrão, este último, inventor da famosa frase "o freguês tem sempre razão". 
Entrar na Colombo é uma viagem no tempo, de volta para a belle époque do Rio de Janeiro antigo. O interior art nouveau data de 1913 e impressiona. Me chamou a atenção o trabalho minucioso dos entalhes do mobiliário em madeira jacarandá, desconheço profissional que seja capaz de esculpir madeira desta forma hoje em dia. Os espelhos (Belgas) são gigantescos e foram dispostos dos dois lados do salão, multiplicando o espaço infinitamente, fiquei imaginando o transporte e o preço desses espelhos enquanto degustava o famoso chá Colombo. 
Os detalhes das bancadas de mármore italiano, o desenho do piso de ladrilho hidráulico, as enormes cristaleiras cheias de doces deliciosos, tudo deixa o ambiente com aquele ar de sofisticação e elegância. 
E pensar que naquelas cadeiras, talvez até na minha, já sentaram vários figurões, como Olavo Bilac, Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Carlos Lacerda, rei Alberto da Bélgica (em l920), e a rainha Elizabeth da Inglaterra (em l968).  
Para coroar o espaço, uma clarabóia com um belíssimo vitral deixa  entrar um pouco de luz natural em um dia chuvoso no Rio de Janeiro.

Sketchbook + Morro da Conceição


Pé sujo na Rua João Homem 
às vésperas da eleição para Presidente, 



Churrasquinho de gato no Largo de São Fancisco da Prainha
para curar a ressaca do escravos da Mauá

A primeira vez que ouvi falar no morro da Conceição foi na graduação em arquitetura e urbanismo, mas que porra de morro é esse? pensei. Santa ignorância, o morro é um dos marcos da ocupação original da cidade e, junto com os morros do Castelo, de Santo Antônio e  de São Bento, delimitava o núcleo urbano do Rio de Janeiro, onde a cidade se desenvolveu durante os seus três primeiros séculos de vida desde a sua fundação, em 1565. 
O aspecto da ocupação residencial de suas encostas  e o rítmo dessacelerado de seus habitantes nos remetem, até hoje, aos bairros tradicionais portugueses. No entanto, as transformações urbanas no entorno e o crescimento da cidade acabaram escondendo o morro atrás de enormes edifícios. Não é de se admirar que um estudante universitário ignorante não conhecesse o lugar, ele não era visível aos desatentos ou aos exploradores menos curiosos. Enfim...mas é melhor ficar escondido do que compartilhar o destino dos morros do Castelo e de Santo Antonio, ambos derrubados ainda na primeira metade do século XX.
Uma pequena capela construída no topo do morro em 1590 em homenagem à Nossa Senhora da Conceição acabou dando origem ao nome do morro. Mas além do nome no morro, alguns nomes de ruas são muito interessantes e nos transportam para um tempo que não existe mais, um tempo mais informal, onde os nomes das ruas falavam um pouco sobre as mesmas. Como exemplo, posso citar a rua do Escorrega (que é um ladeirão) ou a rua do Jogo da Bola, a travessa do Sereno, o largo da Pedra do Sal (onde as embarcações descarregavam sal no passado).
No morro da Conceição, a cultura carioca se manifesta na rua, no espaço público, e mistura todo tipo de gente. Gente como a gente e também as figuras mais bizarras. Acho que isso é o máximo, é ótimo, e para completar, totalmente grátis, 0800.
A famosa Pedra do Sal era e é o ponto de encontro de sambistas. Toda segunda-feira à noite podemos aproveitar a concorrida roda de samba da Pedra do Sal para ouvir  e cantar de peito aberto os sambas clássicos de Candeia, Cartola, Walter Alfaiate, Nelson Cavaquinho, Guilherme de Brito, Élton Medeiros, Dona Ivone Lara, Donga, Geraldo Pereira e tantos outros. Como diz a música: 
"a nêga vai reclamar, isso pra mim é normal, 
toda segunda-feira tem roda de samba na Pedra do Sal."
Nas noites de sexta-feira, a boa para matar a saudade das clássicas marchinhas de carnaval é o disputado bloco do Escravos da Mauá, que rola no largo de São Francisco da Prainha.

Museu Histórico Nacional

Pátio dos Canhões

Pátio da Minerva

Sheron ;)